23 de ago. de 2011

Machu Piccho 2 - por Marcos Patrianova

08/11/2006
Tomei uma van com 20 pessoas, inicialmente, pois chegou a ter mais durante o trajeto, até Urubamba e de lá um ônibus até Cuzco. Em táxi, fui até o Terminal Santiago para comprar passagem e esperar pelo ônibus até Santa María (aproximadamente 8 horas de viagem). Aproveitei e entrei no restaurante com a melhor pinta – nesse caso a “menos pior” - da redondeza e enquanto comia por irrisórios 2 "soles", uma família passou carregando 5 porquinhos vivos que fizeram um barulho infernal pela rua; os meteram no bagageiro de um ônibus.
A viagem decorreu tranqüilamente até chegarmos à cordilheira, quando quedas de barreira começaram a atrasar-nos apesar do ótimo estado da rodovia. Um certo medo começou a pairar sobre mim, pois se um daqueles calhaus que interrompiam a rodovia chegasse a atingir o ônibus, poderíamos ser arremessados despenhadeiro abaixo com sérias conseqüências. O pesadelo, no entanto, ainda estava por vir; chegamos à uma estrada de terra e com chuva. Uma estrada de terra ao nível do mar não seria nada aterrorizante, mas dirigindo veículos antigos debaixo de chuva em alturas exageradas e em velocidade nem sempre baixa contorcendo-se por entre curvas é algo que eu não recomendaria nem mesmo a meu pior inimigo (de qualquer maneira, não me ocorre nenhum agora mesmo). Com a rodovia interrompida por um deslizamento de terra, saltei do ônibus e ajudei a remover algumas pedras que impediam nossa passagem. Nova parada e dessa vez era para cruzarmos um rio raso, mas cheio de pedras e com 2 quedas d'água, uma do lado direito e outra mais abaixo, do lado esquerdo, e com uma vazão muito forte. Um caminhão que ia à nossa frente acabou atolando na saída do rio e teve que ser rebocado por um 4x4 da polícia rodoviária; nós tivemos mais sorte e apesar de todo o balanço ao passar por cima das pedras, cruzamos facilmente o riacho.
Mais adiante, 1 hora parados novamente por causa de queda de barreira; vários ônibus fizeram fila até que a estrada fosse liberada.
Pensei muito, em cada curva perigosa, em como podemos pôr fim à nossas vidas tão facilmente, quantos riscos tomamos, quão frágeis somos. Tive medo. Não por simplesmente morrer, mas por morrer de maneira tão estúpida.
Logo, as 8 horas de viagem se transformaram em 11 horas e meia, fazendo-me chegar à Santa María às 00:20h e hospedando-me num quarto cheio de teias de aranha e suas hábeis tecelãs. Não importava, me sentia vivo.

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