24 de ago. de 2011

Machu Piccho 3 - por Marcos Patrianova

09/11/2006
O transporte até Santa Teresa, outra etapa da aventura, saía muito cedo pela madrugada, às 4h, mas devido ao estresse e o cansaço da viagem desde Cuzco decidi esperar até às 13h, quando 2 vans fariam o mesmo trajeto. A primeira delas chegou lotada e mesmo oferecendo-me para pagar um pouco mais e me espremer entre os seus ocupantes não consegui viagem.
Veio a segunda van, lotada também, e no mesmo instante um senhor num automóvel com mais 2 pessoas se aproximou de mim e de outro senhor, que também esperava pela mesma van, e nos ofereceu transporte até Santa Teresa pelo mesmo preço; ele apenas teria que passar antes num posto de gasolina para abastecer o veículo.
O senhor parecia o Mr. Magoo no volante e até então eu apenas pensava que ele tinha pouca prática ou já estaria sofrendo dos males da idade, embora parecesse relativamente jovem. Já na estrada de terra que ligava as duas cidadezinhas, sua irmã, que estava ao meu lado no carro me confessou que ele, estava "animadito" pois havia tomado umas cervejinhas. Caramba, onde fui me meter! E não que ele não estivesse em condições de conduzir, mas ao trocar de marcha, por exemplo, ele mantinha o carro em linha reta, mesmo que houvesse uma curva logo à frente; ao trocar o maldito cassete de musiquinha local ele também o fazia esquecendo-se de concentrar-se na direção e por vezes teve que manobrar bruscamente para retornar à pista.
Eu não entendi como ele não conseguiu ver um carro no sentido contrário distante uns 100 metros de nós, por sorte, eu creio que o outro motorista o avistou perfeitamente e teve tempo de reduzir velocidade. O pior de tudo eram as cruzes e capelinhas postas à beira da estrada em memória aos muitos que despencaram para outra vida, tamanha a altura em que estávamos.
Novamente eu pensei muito na vida e na morte e então pensei mais na vida e pensei que eu não queria morrer agora, que não era hora, eu ainda tinha que ver Machu Picchu.
Cheguei à Santa Teresa com as mãos molhadas pelo suor e mentalmente xingando no melhor estilo Seu Patrianova o motorista daquela carona.
Tratei de conseguir um lugar para passar a noite; num bar na rua principal notei 3 "gringos" que tinham toda a pinta de espanhóis, me apresentei e perguntei se estavam hospedados na cidade e se poderiam me recomendar algum lugar. Perguntaram ao dono do bar onde estavam e este me ofereceu um quarto ali mesmo, que eu prontamente aceitei, depois de espiá-lo.
Fiquei conversando com o grupo espanhol e mais tarde fomos até os banhos termais; uma delícia! Descarreguei toda a tensão acumulada pelas estressantes viagens dos últimos dias. Conheci também 3 brasileiros que estavam fazendo uma trilha alternativa à trilha Inca de Machu Picchu.
À noite, jantei com os espanhóis na hospedagem onde eu estava; haviam trancado o quarto onde estavam e deixado a chave dentro. Trataram de encontrar a dona do lugar e explicaram à ela o acontecido; um certo tempo depois ela passou pelo bar para dizer-lhes que já havia resolvido o problema. Detalhe: levava uma serra para ferro na mão, rarararararara. Os espanhóis resolveram então fazer uma vaquinha e pagar a mais pelo prejuízo do cadeado.

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